(100 escovadas antes de ir para cama, Melissa Panarello: tradução Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. 164 p.)
Por R.S.Merces
“Nem um gemido saiu dos
meus lábios, mas dei um sorriso. Querer que ele soubesse da minha dor seria
expressar os sentimentos que ele não queria conhecer. Ele quer usar o meu
corpo, não quer conhecer minha luz.” pág. 28
100 escovadas antes de
ir para cama, narra
em forma de um diário, as experiências sexuais de uma garota de 15 anos.
Melissa perde a virgindade por ocasião e seu estágio de constante conflito
consigo mesma torna-a uma experiência dos sentimentos humanos tão conturbados
na adolescência.
O livro nada mais é do que aquela inquietação por conhecer o
mundo, principalmente dos adultos. A protagonista vive em uma casa onde os pais
pouco se importam com ela, estão sempre em silêncio. A relação familiar é pouco
ou nada amorosa e a garota procura no sexo com diferentes garotos uma réstia da
verdade do amor.
As experiências de Melissa são todas fracassadas. Seu corpo é
tratado como um mero material, às vezes até mesmo como produto de troca e
negociações. Sua curiosidade sexual também é marcada pela repulsa e
insegurança.
“Nós falamos, nos
movemos, comemos, realizamos todas as ações que para um ser humano são
obrigatórias, mas, ao contrário dos Rochedos, não estamos sempre no mesmo
lugar, do mesmo modo. Nós deterioramos, diário, as guerras nos matam, os
terremotos nos destroem, a lava nos engole e o amor nos trai. E nem somos imortais:
mas talvez isso seja um bem, não?” pág. 32
Aos poucos vamos lendo passagens onde a autora, que afirma
ter passado por todos os relatos narrados, nos dá observações sobre o humano
não só na sua ainda restrita visão adolescente, mas de um ponto de vista maduro.
O livro também pode ser lido como um rompimento a todos os
dogmas que cercam o país, principalmente a forte repressão religiosa da Itália
da época.
Nenhum comentário:
Postar um comentário